quarta-feira, 21 de maio de 2008

covardia

"A maior covardia de um homem

é despertar o amor de uma mulher

sem ter intenção de amá-la".

Bob Marley

quinta-feira, 15 de maio de 2008

a parte difícil...



Fácil. Fácil foi dar o passo decisivo. Foi chegar. Aprender o teu cheiro. Sentir a tua pele. Deslizar no teu corpo. Saborear o teu beijo. Confiar no teu abraço. Entregar-me ao teu desejo. Possuir-te. Ser possuída. Ouvir as tuas palavras quentes no meu ouvido. Soltar as minhas bem junto do teu. Misturar os nossos gemidos de prazer. Fácil...
A parte difícil é deixar-te ir. Esquecer a intensidade do teu abraço, o gosto do teu beijo, o calor do teu desejo. É dizer que não quando quero dizer mil vezes sim..é fechar a porta quando tudo o que mais quero é mantê-la aberta, é dizer-te até nunca mais apesar do meu coração ansiar por um "até já".

É levantar-me e pensar em ti, levar a vida para a frente empurrando porque tu não estás, é ir ver o mar e não dar por ele, é olhar o céu e não descortinar as nuvens, é ter frio e fome e sede e não saber o que fazer com a roupa, a comida e a bebida.

É sentir o peito em chaga aberta e não saber como fechar a ferida antes de me esvair em sangue..é ter numa mão "nada" e na outra coisa nenhuma, é multiplicar por mil a solidão e somar o vazio..

É murmurar liberdade e sentir-me prisioneira deste sentimento que me envenena...

Liberdade! É a parte mais difícil..

terça-feira, 6 de maio de 2008

hey, estamos acorrentados..



As horas foram passando lentamente e eu tinha as mãos suadas e sentia um nervoso miudinho. Afinal ia voltar a estar contigo depois de vários dias sem ti e, a expectativa de te voltar a tocar e beijar deixavam-me de pernas trémulas..

Que disparate. Levantei-me e dirigi-me à casa de banho. Lavo as mãos e a cara e sorrio ao pensar no teu olhar malicioso, que bom que é voltar a ver esse brilho..

Por volta das seis e meia olhas-me e sais da redacção. Recado entendido. Deixo passar um bom bocado, afinal o pessoal não é parvo..e digo ao "velhote" que tenho que sair para aviar uma receita (já usei esta desculpa) e não é que ele me sorriu e piscou o olho?
Por momentos pensei que o homem estava a ter um enfarte mas a expressão de cumplicidade desvaneceu-se logo de seguida para dar lugar à habitual cara de "cão que morde". Esqueci-o portanto e dirijo-me ao gabinete..

Olho em redor e entro rapidamente. E então encostas-me à porta e sinto logo o teu cheiro. Esse cheiro que me mata. E o teu toque. As tuas mãos no meu corpo. Fecho os olhos e entrego-me aos teus carinhos. Submersa em mil sensações onde impera a saudade, deixo que o desejo tome conta de nós. Sinto que me despes a saia, baixas os collants e puxas a minha tanga..sinto a tua boca a subir pelas minhas pernas, mordes-me as coxas e avanças decidido até ao meu sexo. Beijas, lambes e voltas a subir até à minha boca. Tento falar mas a minha língua está "prisioneira" da tua. Trincas-me os lábios..gemo. É bom..doi...

O teu mastro, ainda escondido nas calças de ganga, chega a magoar de tão duro de tesão ... esfrego-me em ti enlouquecida de desejo..o meu sexo palpita e encharca-te os dedos..passo-te a mão no pau, liberto-o e sinto o sangue a correr-me nas veias a mil..escaldante..sei bem o que quero..

Olho-te bem fundo nos olhos...tu percebes o que vou fazer e gemes...baixo-me e, sem desviar os olhos dos teus, abocanho-te..lambo-te..chupo-te, rolo o teu pau na minha boca..e sorvo o teu caldo até à última gota enquanto me chamas puta..

Saímos do pequeno gabinete absolutamente insatisfeitos, inconformados. Descemos. Chegámos à rua e dirigimo-nos de mãos dadas até "aquele sítio", uma pensão um bocado abaixo do jornal..onde damos largas à fantasia... comemo-nos em todas as posições..gritamos todas as palavras de desejo que nos queimavam os lábios enquanto eu delirava em orgasmos lilás e sentia o teu coração a bater descompassado junto do meu...

Nesse final de tarde quando, exaustos abandonávamos esse quarto, olhaste-me e disseste com aquele ar malicioso e pronúncia minhota:

-Hey, estamos acorrentados...

logo, no gabinete de costume?

A noite de sábado no batô não podia ter corrido pior. Sim, eu fui, tu não, tinhas trabalho no domingo. Mas apareceste de surpresa não foi?
Pois..e não gostaste nada de me ver em amena cavaqueira com aquele rapaz que conheci lá. Eu nunca me vou esquecer do teu olhar. Tentei falar contigo. Não resultou.Pedi boleia até à Boavista. Bati à tua porta. Não abriste. Deixaste-me sozinha no meio da rua, às seis da manhã. Fui para casa a pé e só no dia seguinte, ao acordar, percebi a importância que tu tinhas para mim. Afinal, fazia tanta diferença.....
Folgaste segunda e terça e eu passei pela tua casa. Estavas irredutível. Voltaste ao jornal na quarta e eu, entretanto, estava a tentar viver no Porto sem ti, o que não era nada fácil.
Valia-me a paz que sempre senti junto de "mr.white" e daquele fotógrafo de cabelo e barbas brancas compridas. Os teus ciúmes infundados começaram a parecer cada vez mais ridículos e resolvi esquecer-te, até porque a cena estava a dar que falar no jornal, e eu nunca gostei de ser alvo de chacota. Já tinha passado um mau bocado quando aquela doçura de homem (o editor) resoveu gracejar em voz bem alta:
-"Tadinha, deixem a menina que ela agora já não tem quem lhe dê colinho..."
Espumei de raiva e, por isso, concentrei-me no trabalho que tinha entre mãos e mandei o meu coração à fava apesar de não conseguir deixar de olhar para ti que, no teu mutismo, continuavas sempre bem atento à minha pessoa.
Chegou a sexta-feira e, durante um almoço bem animado, consegui descontrair-me e divertir-me, pela primeira vez nessa semana. Só mais tarde, ao procurar um lenço de papel no bolso do casaco, é que encontrei a tua mensagem. Mal toquei no pedaço de papel percebi que era teu.
Com o estômago contraído, li:
"Logo, no gabinete de costume?"
Tinha o coração aos saltos quando procurei os teus olhos, ao fundo da redacção. Olhamo-nos e tu percebeste a minha resposta.