quarta-feira, 18 de junho de 2008

JN revisitado

Claro que mais cedo ou mais tarde ias acabar por descobrir que sim, sou eu. A muito querida sou eu. Sim, querido. Tenho as mãos a suar e a voz a tremer enquanto falo contigo ao telemóvel. Tantos anos...e a tua voz a provocar o efeito de sempre..para sempre..
Claro que vou ter contigo. Combinámos e faço-me à estrada. Os quilómetros entre Lisboa e o Porto gastam-se rapidamente enquanto o pensamento voa..
Estás igual. Diferente, mais velho (pois) mais seguro, mais calmo, mas igual. Tens o mesmo brilho malandro nos olhos e na pele o mesmo cheiro.
Entrar no jornal contigo tantos anos depois foi arrepiante. O espaço mudou consideravelmente, há mais cubículos, há um cheiro a modernidade e muitas caras novas, para mim, of course. E outras tantas conhecidas. Eles não me reconhecem. Já não tenho piercings nem cabelo cor de laranja. Cumprimos o combinado. Saio. Vou à baixa. Espero-te para jantar. E voltámos ao jornal.
Foi fácil, tão fácil. Passámos na portaria, subo contigo, fico nas casas de banho enquanto vais "controlar" a redacção. Às 23 horas está pouca gente. Enquanto inspiro este ar que já não me "conta" nada reconheço o barulho "mecânico" da iluminação e sinto o mesmo "ar pesado" do ambiente..parece que está sempre para acontecer alguma coisa, ou então, são os meus fantasmas do passado manhosos a assaltarem-me o pensamento..
Sorrio e refugio-me na escuridão. Espero por ti.
"Anda. desejo-te"..

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