Eu fico. Ando ocupada com um novo namorado. Ando a descobri-lo entre jantares bem regados e noites bem passadas. Ando entretida, muito envolvida. Tenho-me esquecido de ti, o meu corpo anda anestesiado de novas sensações. Estou calma, apaziguada.
Até que, uma destas manhãs, chego à redacção a deitar os bofes pela boca, cansada de tanta correria, esbaforida com a agenda de trabalho que tenho entre mãos e..então..estaco, pasmada.
Um mar de gente à tua roda, todos a espreitarem e a apontarem para um mapa, eu vou pra ali, e eu pra acolá..e tu:
-Este ano vou para aqui, olhem, é um sítio pequeninho, muito sossegado.
Todos se debruçaram para fitar o minúsculo ponto no mapa, até a Fátima (o que está ela a fazer ao teu lado, anyway?) e eu senti o chão a fugir-me debaixo dos pés.
Com uma sensação de profundo pesar fui sentar-me diante do meu "fiel amigo" e lancei-me ao trabalho indiferente aos vossos planos, aos vossos projectos, aos vossos anseios.
O Zé estranhando o meu silêncio perguntou-me se eu não ia a lado nenhum. Respondi-lhe que não tinha tempo nem dinheiro, mas com tão maus modos que tu não resististe e perguntaste sarcástico:
-É um mau dia miúda? Estás cá com um azedume!
Olha quem fala, cabrão. Penso. Resmungo entre dentes uma desculpa qualquer e atiro-me ao computador como uma doida alucinada. O rastilho do desejo aceso de novo a abrir crateras dentro de mim. Agora que sei que não vais estar por perto três ou quatro dias.Alteras assim o sentido dos meus dias sempre iguais, a saber do teu poiso, a saber o que fazes, a ter-te à mão, nem que seja só para te ver. E agora? A minha bílis descarrega quantidades industriais de um líquido sulforoso que me envenena as entranhas. Sinto-me doente de tão triste.
E é então que me surge uma ideia fabulosa. Se eu até sei como se chama a terriola para onde vais fugir...porque não arrastar a minha nova aquisição precisamente para o mesmo sítio..a pretexto de um fim de semana na neve? Pois...
São nove da noite. Eu e o Luís estamos às voltas com a tralha, à porta do meu prédio. Calhou muito bem a Opel Astra novinha do Luís. Dá para meter lá tudo. Cobertores e caixas de mercearia. Muita tralha para a neve, cd´s e livros para mim. O portátil, sempre.
A reserva foi assim assim de conseguir e como temos cozinha fica mais barato.
Fazemo-nos à estrada e vamos ganhando o Norte. Ao tempo que eu não via o Porto. Sempre para Norte. Entramos em Espanha e continuamos.
Cá estamos. Chegamos tardíssimo, ainda andamos às voltas até encontrar a casinha, pequeninha, com muita lenha no alpendre. Fizemos a cama e, mais tarde, debaixo dos cobertores e do edredon que trouxemos, ainda deu para trocarmos uns carinhos. Coisa pouca, estávamos cansados.
22H. Estou deitada, acordada,a sondar o insondável que eu sou. O Luís dorme ao meu lado. Comi-o como uma louca, como se não houvesse amanhã. E tudo porque hoje, bem cedo, dei de caras contigo.
Enquanto o Luís se atirava por montes e vales deliciando-se com a neve, eu arrastei-me até à pequena mercearia/tabacaria/papelaria da aldeia para comprar pão..e jornais.
E então lá ao fundo a escolher cigarros..estavas tu. Sozinho. Com um saco de pão e dois jornais.
A tua surpresa...misturada com um sorriso de carinho:
-Tu aqui! Então tu não és toda virada para as praias tropicais?
Pois, coincidências, calhou e tal, vou dizendo. E tu embalado..que estás a adorar, que os garotos andam loucos com a neve, que o hotel é muito bom, que tens de ir andando, e tal.
Eu que aproveitasse para descansar, que não andasse em grandes farras...
Tudo dito com essa voz grave, rouca, marcada pelo tabaco e com malícia.Tu a caminhar para a saída e eu ali, parada, a planar...anestesiada porque te vi longe do jornal, noutro contexto, e gostei ainda mais.
Passei o resto do dia num torpor que não sei explicar, farta de tanta neve, enregelada, com o nariz a pingar e só me senti um bocadinho mais reconfortada quando, à noite, o Luís ateou um grande fogo e cozinhou um excelente jantar. Comemos, bebemos e caímos na cama, abandonando-me nos braços do meu novo namorado, que é uma amante fabuloso. Imaginei mil fantasias, tudo porque te vi de manhã com um saco de pão na mão e dois jornais debaixo do braço!
Com o fogo apagado aqui na cama, fito o tecto e vou delirando nesta febre que me consome as entranhas.
Imaginar...
Nós os dois, o edredon, a manta de pêlo e as almofadas. Em frente à lareira, na sala, no chão. Os copos de vinho tinto delicioso que vamos bebericando, as chamas que tremeluzem na escuridão iluminando os nossos corpos nus. O cigarro que atiras ao lume para receber o meu beijo demorado, lânguido. Os meu braços que te rodeiam, o abraço que nos une e torna tudo tão excitante. O teu corpo que eu percorro com a minha boca, sem esquecer nenhum pedacinho até chegar ao teu sexo e aí demorar-me com a minha língua a descrever círculos, a abocanhar-te e a lambuzar-te. O som da música de fundo e os teus gemidos roucos. A forma como me preparas para te receber. O toque das tuas mãos experientes subindo pelas minhas coxas, abrindo-as, até chegar ao meu sexo que acaricias lentamente, com mestria. Um dedo explorador que me arranca suspiros. Dois dedos dentro de mim abrindo caminho, fazendo-me transbordar, derrubando as minhas defesas, acendendo em mim um desejo que me deixa trémula. Deitas-te, puxas-me para ti. Subo, procuro o teu sexo e dirijo-o para mim. Entras como uma luva e eu encosto as minhas mamas aos teus lábios. Seguras-me pela cintura e conduzes-me, marcas o ritmo. Estou em cima de ti, balanço-me, sinto-te fundo dentro de mim. Ofereço-te os meus mamilos que tu sorves, lambes e saboreias e isso entontece-me.Rouquejamos. Balanço-me mais forte e tudo explode à minha volta. Mil cores na minha cabeça. Tu sentes o meu prazer, viras-me num gesto rápido, abres as minhas pernas mais ainda e começas uma dança de movimentos rápidos e precisos. Eu aperto-te e olho-te enquanto me cavalgas, de olhos fechados, lábios entreabertos soltando gemidos. Cravo-te as unhas nas costas ao sentir-me arder uma vez mais. Arqueio a minha anca contra a tua. Gritas. Aumentas o ritmo e sinto, no fundo de mim, o choque que percorre todo o teu corpo. Libertas o teu prazer enquanto gritas sem pudor,ao meu ouvido, como é bom, como te excito, como gostas do meu corpo.
Se tu conseguisses perceber a loucura da excitação que sinto por ti, querido editor..
9 comentários:
Depois de ler o post, qualquer um fica com vontade de ir para a neve, apesar de também preferir a praia :)
Estamos mais interessantes de texto para texto. Gosto dos ambientes em que nos envolves...
Fiquei presa.. tão presa na tua narrativa.
Pergunto-me se a história é ou não verdade, a ser... tens a vida temperada como gosto.. precisamente como tempero a minha... com bilis e paixão à mistura, com intensidade e amor.
Gostei! Muito!
Continua!!!
tenho de dizer que é uma escrita que me atrai!
Venho retribuir a tua visita e dizer-te que tens um espaço muito agradável... vou voltar com toda a certeza...
Uma Grande Chama para ti
PS: Escreves bem
Só acredito neste editor enquanto personagem abstrato fictício e incapaz de dar à lareira dos acontecimentos,lenha em brasa a encher-te de autêntico calor.
Cadiho RoCo
Esqueci-me de dizer... também gosto muito dos teus ténis
Uma Grande Chama para ti... Beijos
ai cadinho roco talvez tenhas razão quanto à incapacidade do dito cujo em dar lenha em brasa aos acontecimentos..mas que ele existe..lá isso..
(suspiro)
beijos quentes
gostava de saber o que há contra a praia e o sol? uma bela praia de areia clara, e mar calmo, uma pequena cabana junto ao mar...
neve, frio, bem sempre é uma boa desculpa para duas pessoas se aproximarem e aquecerem-se...
beijos provocantes
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