terça-feira, 6 de maio de 2008

logo, no gabinete de costume?

A noite de sábado no batô não podia ter corrido pior. Sim, eu fui, tu não, tinhas trabalho no domingo. Mas apareceste de surpresa não foi?
Pois..e não gostaste nada de me ver em amena cavaqueira com aquele rapaz que conheci lá. Eu nunca me vou esquecer do teu olhar. Tentei falar contigo. Não resultou.Pedi boleia até à Boavista. Bati à tua porta. Não abriste. Deixaste-me sozinha no meio da rua, às seis da manhã. Fui para casa a pé e só no dia seguinte, ao acordar, percebi a importância que tu tinhas para mim. Afinal, fazia tanta diferença.....
Folgaste segunda e terça e eu passei pela tua casa. Estavas irredutível. Voltaste ao jornal na quarta e eu, entretanto, estava a tentar viver no Porto sem ti, o que não era nada fácil.
Valia-me a paz que sempre senti junto de "mr.white" e daquele fotógrafo de cabelo e barbas brancas compridas. Os teus ciúmes infundados começaram a parecer cada vez mais ridículos e resolvi esquecer-te, até porque a cena estava a dar que falar no jornal, e eu nunca gostei de ser alvo de chacota. Já tinha passado um mau bocado quando aquela doçura de homem (o editor) resoveu gracejar em voz bem alta:
-"Tadinha, deixem a menina que ela agora já não tem quem lhe dê colinho..."
Espumei de raiva e, por isso, concentrei-me no trabalho que tinha entre mãos e mandei o meu coração à fava apesar de não conseguir deixar de olhar para ti que, no teu mutismo, continuavas sempre bem atento à minha pessoa.
Chegou a sexta-feira e, durante um almoço bem animado, consegui descontrair-me e divertir-me, pela primeira vez nessa semana. Só mais tarde, ao procurar um lenço de papel no bolso do casaco, é que encontrei a tua mensagem. Mal toquei no pedaço de papel percebi que era teu.
Com o estômago contraído, li:
"Logo, no gabinete de costume?"
Tinha o coração aos saltos quando procurei os teus olhos, ao fundo da redacção. Olhamo-nos e tu percebeste a minha resposta.

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