domingo, 2 de março de 2008

agora falo eu..

nota: para quem já não se lembra ou acabou de chegar é conveniente ler os textos " porto sentido" e "desabafos de um editor"..

Preciso de um cigarro... Ando a passar-me com esta merda de não se poder fumar na redacção. Exactamente quando e onde faz falta. Puta que pariu o gajo que se lembrou de fazer esta merda desta lei! Se aqui toda a gente fuma, qual é o problema?! Dasssse...Ainda por cima, vem agora esta merda lixar-me o resto do dia. Para ajudar, tenho isto ás moscas...

Mete a mão na gaveta da secretária e retira de lá um maço vazio que atira para o caixote do lixo. Enfia a mão até ao fundo da gaveta à procura de um último cigarro perdido, e de repente, algo na sua expressão muda enquanto olha à volta, observando a azáfama que o rodeia. Os poucos "entalados" neste domingo andavam numa fona.

Cada vez estou pior. Como é que ainda não me livrei desta merda? E se fosse alguém que cá viesse e ficasse com umas cuecas na mão? A verdade é que não consigo. De cada vez que me lembro de o fazer não tenho coragem. Ando a ficar passado com isto. De cada vez que penso nela, só me lembro da cena no corredor do hotel. Olho para aquela boquinha e só penso naquela mamada maravilhosa. Foda-se, nunca me tinha vindo tão depressa... O que é que me deu nos cornos para depois não ir ter com ela? Tenho que ir buscar tabaco... foda-se.

À medida que ia abrindo o maço amadurecia a ideia. Sentia falta dela e esta reportagem era uma razão tão boa como outra qualquer para reclamar a sua presença. A redacção sem ela já não era a mesma coisa. Já que hoje era até ás tantas...pegou no telefone.

-Tou? Olá miuda. Tás ocupada?
...
Eu sei que é domingo, é o teu dia de descanso, mas houve uma merda grave e eu preciso de ti lá.
...
-Veste qualquer coisa porra! Não vais para nenhuma festa...
...
-Vá despacha-te que já te digo mais qualquer coisa... Não. Vais lá direitinha e depois passas por cá. Mas rápido se fazes favor.
...
-Já te ligam a dar o resto. Despacha-te... Obrigado. Não te demores.

Dirigiu-se para a varanda para finalmente fumar o tal do cigarro. Depois de verificar que ninguém o estava a ver, tirou o pequenissimo pedaço de tecido preto, rendado e mais uma vez, num ritual que se estava a tornar hábito nos últimos dias, levou-o à cara. O odor que o impregnara e que o drogava esbatera-se quase na totalidade, à medida que ia sendo substituido pelo das suas mãos. No entanto a sua posse trazia-lhe de uma forma recorrente a recordação da noite no Porto. Para ele era como se ela as tivesse acabado de tirar. Recordava com se tinha vindo como um louco na casa de banho do bar, recordava o olhar de putinha quando lhas mostrara, a tesão que lhe transmitira, o belissimo par de mamas que ostentava, exactamente do tamanho da sua mão, os mamilos tesos. Na realidade, tudo o que se passara naquela noite fazia-o sentir-se vivo como já quase não se lembrava.
Não conseguia tirar da cabeça a atitude irreverente dela. Se calhar foi isso que o pôs doido e o fez vir daquela maneira. O olhar de sacana que ela lhe fez enquanto o engolia, fazendo rodar a lingua à volta da cabeça, pondo-o fora de sí até que se viera de uma maneira como já não se lembrava de o fazer. Recordava os espasmos na base da coluna, o leite a subir pelo caralho e a derramar-se completamente na boca dela. Nunca na vida iria esquecer esse momento. O resto... a forma como se recriminava por não ter ido ter com ela ao quarto, o medo do que esta situação poderia significar na sua vida, parecia-lhe agora uma pobre desculpa para, uma vez mais, fugir da vida que tendia a afastá-lo irremediavelmente do rumo que tinha traçado para sí. Não gostava da sensação de impotência que isso lhe provocava. Também não gostava da maneira como se enganava a si próprio, tentando convencer-se que vivia com a mulher da sua vida, quando para ele, ela era neste momento a mãe dos seus filhos, a sua colega de quarto. Tudo isto girava à volta da sua cabeça quando ouviu uma voz conhecida.


-Olha quem ele é! Pensei que andasses a passear as criancinhas!

-Vai pó caralho! Este é dos que acham que só no Porto é que se trabalha... fizeste boa viagem?

- Passei mesmo a tempo. Parece que houve uma palhaça do caralho já aqui perto de Lisboa. Vamos mas é despachar que eu quero pôr-me nas putas que ainda tenho que ir para cima.

O resto de tarde passou-se rapidamente. A reunião com o colega do Porto foi curta mas proveitosa. Tudo o que, graças ao acidente, tinha tido que ser alterado estava em preparação, esperando apenas o material que ela iria trazer. Aproveitaram para ir jantar rapidamente.

-Querem lá ver que pelo menos não dá direito a um jantarinho?
A voz dela atrás de sí provocou-lhe um arrepio na nuca....(continua..)



nota: atendendo a várias reclamações decidimos dividir o texto em dois para tornar a leitura mais fácil.Toda a cena foi imaginada e escrita por um amigo que interpretou o meu "querido editor"..

8 comentários:

Pedro disse...

Olha, eu até vim a este blog de livre vontade e tal, e até gostei da imagem e tal... oh pah, mas ler um post tão cumprido a estas horas da noite, humpf... isto não estava nos meus planos.

abraços com charme

Red Light Special disse...

D. Sebastião, bigada!
É sempre bom ver alguém a regressar do nevoeiro numa aventura destas.
A mim nao me incomoda nada um post comprido, nada mesmo... ehehehe.. principalmente deste calibre!
:P
Beijinhos bem red pa vcs!!

Quando o Fogo e o Gelo se encontram disse...

como podes dizer no fim que tudo isto foi imaginado????????
;))
bjs

muito querida disse...

quando....

digamos q tudo foi imaginado, sonhado e..aguardado...:)

... disse...

Bem, confesso que quando vi o tamanho do texto me assustei um pouco, mas olha, acabei por lê-lo todo, e gostei bastante ;)

Beijo grande

Mister "X" disse...

Fodassse!

Comecei a batê-la lá para o meio e fiquei arrasca do braço que o texto nunca mais acabava

muito querida disse...

hummmmm...já dividimos o post..seus preguiçosos..

JCA disse...

coitadito do editor... bem que ele sofre