quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

aqui namora-se...

Véspera de S. Valentim. O Luís veio cá dormir. Esfregou-se em mim a noite toda. É tão excitante este homem, moreno, de cabelo muito curto, espetado, peito peludo qb (sem ser homem das cavernas) pele morna, tão quentinha e cheiro bom. É doido pelas minhas mamas e tem um power sexual que me deixa de rastos!!


Pronto, é técnico de informática e passa a vida a reciclar o meu pc. Não percebe nada do que eu lhe digo e eu pouco percebo daquilo que lhe interessa. Mas isso é um pormenor, não?

De manhã ofereceu-me uma linda orquídea lilás. Confesso que por uma questão de frames quase lhe disse um ternurento: amo-te!

Afinal é quase isso que eu sinto por ele..quase..quase...

Disse-me que tinha uma surpresa para mim, para o nosso programinha de logo à noite..hummmm..Saio para a rua e rezo para que este dia seja assim mais "normalzinho", que pelo menos não haja acidentes e mortes que me obriguem a encarar, uma vez mais, as verdadeiras tragédias da vida. Sorrio para as pessoas, sinto o sol na minha cara..tão bom..

Mal abro a porta, o fervilhar da redacção chega até mim. Aparentemente um dia igual aos outros mas sente-se..algo anda no ar..o sorrisinho de gata da Matilde, o telefonema tão demorado do João, em voz sussurrante, um brilho malandro nos olhos do Miguel..pequenos nadas que tornam o dia diferente.

A reunião de editores já começou. Podemos brincar um bocadinho..(patrão fora...)..


-O que te deu o Luís? Pergunta a Rita em pulgas mostrando o relógio, novinho em folha, que o marido lhe ofereceu logo de manhã. A Luísa e a Ana juntam-se à conversa. Vamos cochichando até que o barulho da porta da sala de reuniões nos dá a entender que a reunião terminou.


-Vamos trabalhar? Perguntas.

Pois isso...

A manhã está no fim. Observo-te no teu canto, compenetrado, e vou pensando: será que és um homem romântico, será que beijas a tua mulher antes de sair, será que lhe compraste uma prenda para assinalar este dia? Será?...E , no entanto, vou malucando no porquê desta minha agitação perante a tua pessoa. Se eu tenho em casa um verdadeiro gato, cobiçado pelas minhas amigas.. trintão, bonzão, tesão, que me come como um louco..e as minhas hormonas só pulam diante de ti !!!!

Pronto, tu és interessante, quarentão, charmoso, mas também já dás sinais de cansaço: olheiras, queda de cabelo, uma barriguinha que teima em instalar-se..e quanto ao feitio, então, nem vale a pena estabelecer comparações..mas eu insisto. O Luís é um carneirinho fofinho com uns olhos enormes, meigos, meigos, meigos..e tu...pffff..és um lobo mau, sarcástico, gozão, cabrão qb, arrogante.....................................................................................................................................................................................................................

E, contudo, tu olhas-me e a minha tensão dispara, repreendes-me e o sangue corre mais rápido nas minhas veias, tocas-me acidentalmente e eu desfaleço e tenho que disfarçar o rubor e os tremores!! Razão tem a carpe: "O sexo complica a vida". E de que maneira, digo eu.

Mas o dia vai passando. Silêncio, quietude, paz. A meio da tarde a maioria do pessoal está na rua em reportagem. Eu hoje fiquei (quem diria!). Noto uma certa movimentação ali à minha direita. Olho e apercebo-me de uma tentativa de linguagem gestual entre o Zé e a Fátima. Disfarço mas consigo perceber a palavra "arquivo".

O arquivo fica na cave, ninguém lá vai, a não ser numa situação de emergência. Digo-te que vou à rua e desapareço antes que o Zé e a Fátima arranjem uma desculpa para se ausentarem. Atiro-me pelas escadas abaixo, entro no arquivo que cheira a mofo e aninho-me atrás de uns caixotes. Não tardo a ouvir os risinhos abafados da Fátima e os passos fortes do Zé. Entram, não acendem a luz e atiram-se nos braços um do outro. Mas, então, a cena que se desenrola diante dos meus olhos deixa-me sufocada!

Este não é um encontro de sexo fortuito, desesperado..não..nada disso..isto é amor..estes gajos amam-se!!! Fico ali calada, de boca aberta, sentindo-me envergonhada. As maõs do Zé percorrem o corpo da estagiária com carinho, beija-lhe as pálpebras, chama-lhe amor. Ela deleita-se com as palavras dele, atira a cabeça para trás, oferece-lhe o pescoço que ele beija com infinito prazer. Abraçam-se, os lábios trocam beijos constantes enquanto sussurram palavras tão doces! Então o beijo torna-se mais intenso, as mãos do meu colega tornam-se exigentes. As roupas vão caindo no chão e eles amam-se, diante de mim. Isto é amor, repito mentalmente. Ele entra no corpo da Fátima com infinita ternura, com uma doçura que me faz fechar os olhos para não ver. Sinto que estou a estragar um momento de rara beleza. Ela entrega-se ao abraço dele. Ele possui-a. Com calma, como se não estivessem num arquivo poeirento, mal cheiroso, deitados em cima de uma pilha de jornais ultrapassados. Os lábios não se largam, as ancas dançam com movimentos ritmados, precisos, mas sem atropelos. As maõs entrelaçam-se com a chegada do prazer. Ficam ali, sossegados, apaziguados, a sussurar carinhos..

O olhar de absoluta cumplicidade faz-me entender que as vossas almas conhecem-se, comungam dos mesmos sentimentos, do mesmo querer. E uma melancolia imensa crava fundo no meu peito a certeza que eu nunca amei assim, nunca ninguém me adorou desta forma, nunca a minha alma "chilreou" alegremente com outra alma..assim..
E um frio estonteante que chega a ferir instala-se no meu peito, como se algo estalasse dentro de mim, mostrando dentro da escuridão do meu ser a solidão de muitos anos, a entrega sexual tão solitária dos momentos de prazer..o beco sem saída que é o meu sentir..
Rastejo até à porta. Saio sem fazer barulho. Dou dois passos. Estaco. Aí estás, encostado à parede, à minha espera. Olhas-me e pareces compreender o turbilhão dos meus pensamentos. Nada perguntas.
-Anda menina, temos trabalho de última hora.
Sigo-te. Olhas-me de canto e percebes que algo se passa comigo. Passas um braço por cima do meu ombro e eu não estremeço (extraordinário)...estou demasiado ferida. Subimos devagar em direcção ao nosso canto de todos os dias e fazemos aquilo que sabemos: contribuimos para mais uma edição de um grande jornal nacional.
Estás quase meigo, quase humano, neste final de tarde...
O sentir é muito complicado meu querido editor. Tu sabes! Por isso nunca alimentaste a minha fantasia, nunca apagaste a minha fogueira.... não foi?

6 comentários:

afectado disse...

A estagiária já factura... começa cedo.

Eu deixava o editor a trabalhar e ia era para casa! Se fosse mulher, claro! :)

Beijos

carpe vitam! disse...

ai, o amor, o amor... como sabes que é amor? como é que sentes isso? quais são os sintomas? é por causa da ternura? então uma cena hard core com palavrões bem metidos pelo meio, não pode ser protagonizada por pessoas que se amam? qual a diferença entre amor e amizade com sexo?

muito querida disse...

querida carpe
duas pessoas que se amam podem (e devem)ser protagonistas de uma valente cena hard core, com valentes palavrões pelo meio. Agora a grande diferença reside no facto de que duas pessoas que apenas se desejam não conseguem ser protagonistas de uma linda história de amor..
é bastante fácil sentir os palavrões que se soltam numa cena de sexo, mas sentir as palavras sentidas de verdadeiro amor sentido...isso já é outo conto.

Ai, o dia de S. Valentim deixou-me assim...(suspiro)

beijos quentinhos

Anónimo disse...

Lindo! Extenso mas lindo, tenho que te subscrever muito querida!

E é maravilhoso protagonizar uma cena bem hardcore com a pessoa q amamos, pq sabemos que a entrega não é só carnal... Mas sim total!

Beijos!

Rei Lagarto III disse...

Estou a gostar desta saga.

Está a melhorar de post para post

MIG-L disse...

Agradeço a simpatia do teu comentário. Tb gostei cá do sítio e... voltarei.
Beijitos.